sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os Livros que devoraram o meu pai – Afonso Cruz




Acabei de o ler numa "penada". Deixo-vos aqui um pequeno trecho para vos aguçar o apetite:

“Uma biblioteca é um labirinto. Não é a primeira vez que me perco numa. Eu e o meu pai temos isso em comum. Penso que foi isso que lhe aconteceu. Ficou perdido no meio das letras, dos títulos, perdido no meio de todas as histórias que lhe habitavam a cabeça. Porque nós somos feitos de histórias, não de a-dê-enes e códigos genéticos, nem de carne e músculos e pele e cérebros. O meu pai, tenho a certeza, perdeu-se nesse mundo e agora ninguém lhe consegue interromper a leitura.”



Afonso Cruz (Figueira da Foz, 1971) é um escritor, realizador de filmes de animação, ilustrador e músico português. Estudou na Escola Secundária Artística António Arroio, nas Belas Artes de Lisboa e no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira. Vive num monte alentejano perto de Casa Branca, no concelho de Sousel.
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

“A Internet mudou a nossa percepção do tempo”




Nicholas Carr, finalista do Pulitzer, tem sido um crítico dos efeitos da Internet no nosso cérebro. Diz que a velocidade e bombardeamento de informação constante está a fazer-nos perder a capacidade de concentração e a tornar-nos menos reflexivos.
O livro de Nicholas Carr The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains, foi finalista dos prémios Pulitzer de não-ficção. Como o título indica, centra-se no impacto da Internet no nosso cérebro e nos efeitos perversos do seu lado distractivo, errático e rápido.
Este é um tema a que se tem dedicado e que o levou a escrever um ensaio amplamente divulgado no meio, “Is Google making us stupid?” (pode ler-se na edição online da revista The Atlantic), onde relata a sua experiência de leitura pós Internet e os efeitos na memória e concentração. Autor ainda de The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google (2008) e de Does IT Matter? (2004), tem debatido o seu ponto de vista em várias universidades pelo mundo.  
O que é que o surpreendeu mais no avanço da Internet desde que a começou a usar?
O mais surpreendente foi a transformação de um meio de informação para um meio de mensagens – particularmente nos últimos anos, as pessoas tendem a usar a tecnologia para trocar mensagens pessoais, mais do que para procurar informação.
Desde o princípio que o email foi uma parte importante da Internet, mas a web era mais usada para a visita a páginas, para encontrar informação e explorar assuntos. À medida que usamos mais as redes sociais, a Internet torna-se mais num meio para enviar e receber mensagens. Não esperava que o uso da tecnologia mudasse tão drasticamente.
E como é que esse aumento na troca de mensagens afecta a forma como interagimos e pensamos?
A forma como a Internet se desenvolveu tornou-a mais distractiva, exigindo às pessoas que retenham constantemente pequenas partes de informação e que monitorizem pequenas correntes de informação. Uma das grandes mudanças nos últimos anos, com o advento de novas redes como o Facebook e o Twitter, e isso combinado com o aparecimento dos smartphones e dos pequenos computadores, é que a forma como a Internet funciona mudou. Portanto, passámos do modelo de ir a uma página web ver o que tinha para oferecer para o modelo de informação que está a correr constantemente e que aparece de vários sítios: do sms, do email, das actualizações do Facebook e dos tweets. Isso encorajou as pessoas a aceitar interrupções constantes, a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Perdemos a capacidade de afastar as distracções e de sermos pensadores atentos, de nos concentrarmos no nosso raciocínio, ou seja, a forma como a tecnologia evoluiu nos últimos anos tornou-se mais distractiva; encoraja uma forma de pensar que é a de passar os olhos pela informação e desencoraja um pensamento mais atento.
A geração que cresceu entre o mundo analógico e o digital está entre essas duas formas de pensar e agir, mas quem é “nativo digital” está já imerso nessa realidade multitasking [de tarefas múltiplas] e distractiva que descreve. Isto não é mais uma mudança do que propriamente uma perda na forma como essa geração pensa?
Não estou convencido de que exista essa separação clara e definida entre uma geração e outra, a dos “nativos digitais” e a dos “imigrantes digitais”. A tecnologia é usada por mais velhos e mais novos e os efeitos tendem a ser os mesmos para a maioria. A diferença é que quanto mais cedo se está imerso na tecnologia – e é verdade que a tecnologia está a ser usada por pessoas cada vez mais novas –, maiores serão os efeitos na forma como aprendem a pensar. Uma das coisas que se sabem é que as grandes mudanças no nosso cérebro acontecem quando somos novos. Portanto, se as crianças estão imersas numa tecnologia que encoraja o multitasking e o pensamento distractivo, vão adaptar-se a isso e infelizmente não vão ter a oportunidade ou o incentivo para desenvolver modos de pensar mais contemplativos e reflexivos. Há o mito de que os “nativos digitais” não sofrem os efeitos das novas tecnologias, porque se adaptam desde cedo. Acontece que isso é completamente errado, são bastante influenciados pelos aspectos positivos e negativos da tecnologia, porque ela marca a forma como pensam desde o princípio.

retirado do jornal "Público".
Artigo completo em: 
http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/a-internet-mudou-a-nossa-percepcao-do-tempo-1573458?fb_action_ids=394441410635426&fb_action_types=og.recommends&fb_source=other_multiline&action_object_map={%22394441410635426%22%3A118946048266421}&action_type_map={%22394441410635426%22%3A%22og.recommends%22}&action_ref_map=[]

terça-feira, 27 de novembro de 2012

España o el país del eufemismo - tem a palavra o escritor Luis Sepúlveda.




Uno de los célebres aforismos de Georg Christof Lichtenberg dice: “Las más peligrosas de las mentiras son las verdades ligeramente deformadas”. Mariano Rajoy presidente del Gobierno de España, cuenta entre sus escasa virtudes la de ser el mayor deformador de la verdad.
Rajoy es el arquetipo del político de derecha surgido de la España profunda. Su única actividad profesional conocida antes de dedicarse de lleno a la política bajo la estricta tutela de Manuel Fraga, ex ministro de Franco , es como Registrador de la Propiedad en una oscura oficina de Santa Pola, una pequeña ciudad mediterránea. Al parecer, de esa actividad de “señor de manguitos” nace su mentalidad de burócrata servil y su manifiesta ignorancia respecto de todos los asuntos que, se supone, debe conocer un jefe de Estado.
Rajoy empezó a ser conocido en la política nacional española cuando el ex presidente José María Aznar premió su fidelidad nombrándolo Ministro de Administraciones Públicas primero, y Ministro de Educación y cultura más tarde, reemplazando a la actual Presidenta de la Comunidad de Madrid, Esperanza Aguirre, fanática defensora del ultraliberalismo económico y muy conocida por sus públicas demostraciones de ignorancia. Aún resuenan sus declaraciones cuando al ser preguntada si conocía algo de literatura portuguesa, confesó ser admiradora de una gran poetisa llamada Sara Mago.
Tras reemplazar como Ministro del Interior a un febril ultraderechista llamado Jaime Mayor Oreja, Rajoy entró de lleno en las lista de los incondicionales de Aznar.
Hasta el año 2002 Rajoy no pasaba de ser un fiel seguidor de Aznar, un funcionario gris y sin carisma, pero en diciembre de ese año un barco petrolero, el Prestige encalló en Galicia frente a la Costa de la Muerte, y el vertido de 77 mil toneladas de petróleo al mar provocó la mayor catástrofe ecológica ocurrida en España. Mientras la costa del Atlántico y del mar Cantábrico, hasta Francia, se llenaba con los residuos oleaginosos, Rajoy se estrenaba en el arte de deformar la verdad. Según él, lo que salía de las bodegas del barco encallado eran “hilillos de plastilina”, fácilmente controlables y que no representaban ningún peligro para el medio ambiente. Así, empezó a “hacer currículo” de farsante hasta conseguir que el dedo todopoderoso de Aznar lo señalara como su sucesor, el elegido para vencer en las elecciones generales de 2004.
Pero entonces llegó el terrible atentado terrorista del 11 de Marzo de 2004 y, siguiendo las órdenes de Aznar, el megalómano que metió a España en la guerra de Irak, Mariano Rajoy y el Ministro del Interior Ángel Acebes intentaron estafar a los españoles con la más infame de las mentiras: los autores del atentado que costó 191 muertos y más de 1700 heridos no eran terroristas islámicos sino militantes de ETA. Ante tamaña mentira la sociedad española reaccionó y Rajoy perdió las elecciones. Pero, y violando una regla no escrita que dice que el perdedor de unas elecciones no puede seguir liderando un partido, Rajoy encabezó la oposición al gobierno de José Luis Rodríguez Zapatero. Empezaba una era en que la derecha en la oposición se caracterizaba por su ánimo de venganza, y por entorpecer todas las investigaciones sobre la corrupción del aznarismo.
En 2008 Rajoy perdió por segunda vez unas elecciones. Empezaban a sentirse los primeros efectos causados por la quiebra de bancos como Lehmans Brothers. La economía basada en la pura especulación se tambaleaba y Rajoy se convertía en el líder de una oposición que, de la misma manera como la ineptitud de Zapatero y su equipo de gobierno no les permitió ver la magnitud de la crisis, atribuía toda la responsabilidad del descalabro al gobierno, negando el carácter global del sismo que sacudía hasta los cimientos del sistema financiero mundial. En ningún país de Europa se vio a una oposición tan irresponsable y mentirosa como la que encabezó Rajoy. Bajo el lema cientos de veces repetido por el actual ministro de Hacienda Cristóbal Montoro; “dejemos que España caiga, ya la levantaremos nosotros”, Rajoy se demostró como un farsante dotado de una cierta capacidad histriónica para debilitar los esfuerzos, por lo demás equivocados e inciertos, del gobierno de Zapatero para enfrentar tardíamente la crisis.
El gobierno de Zapatero abandonó cualquier atisbo de política socialdemócrata, hizo el trabajo sucio de la derecha; los primeros recortes, bajas de salarios, entrega de dinero público a la banca privada, y así , con la confianza de sus votantes perdida, el PSOE llevó a la derecha , a Rajoy a vencer en las elecciones de 2011 con una aplastante mayoría absoluta.
Y es a partir de ese triunfo cuando España, liderada por Rajoy, se convierte en el país incierto del eufemismo. A las dos semanas de asumir el cargo de presidente del Gobierno traicionó todas las promesas que hizo durante la campaña electoral. Los recortes a las prestaciones sociales empiezan a llamarse “ajustes”; los recortes a la educación y sanidad públicas son presentadas como “medidas para ganar la confianza de los mercados”; una reforma laboral (la segunda en menos de dos años) que facilita el despido y aumenta la precariedad laboral –y esto con cinco millones de desempleados- es llamada “ajuste estructural para la creación de empleo”; un rescate europeo de cien mil millones de euros, con cargo al presupuesto del Estado, para la banca privada, resulta ser “una inyección de liquidez conseguida en términos muy convenientes”; los nuevos recortes salariales a los empleados públicos a los que se quita la paga de navidad son llamados “ajustes para la consecución de los objetivos de déficit”; la eliminación del derecho a la seguridad social de emigrantes y familiares a cargo de personas física y psíquicamente dependientes en el lenguaje de Rajoy se llama “medidas para saneamiento de la seguridad social”; y a una pesadilla de incesantes medidas que empobrecen y acercan la miseria a miles de familias se agrega la subida del IVA, pero en ningún caso de los salarios, la reducción de las pensiones y la joya de esta última semana: a la reducción del dinero que reciben los desempleados por un tiempo máximo de dos años, se la reduce al 50 % como “ una medida para estimular la búsqueda de empleo”.
España es un país que camina a pasos agigantados a la debacle social, a la ruina, a la pérdida de todos los derechos, a un retroceso a los oscuros tiempos del franquismo.
Ni siquiera dictadores obtusos como Nicolae Ceaucescu se habrían atrevido a hacer del eufemismo, de la mentira despiadada, su única herramienta para practicar una idea criminal de la política, al servicio de los especuladores, de ese miserable 1% de la humanidad que se ha apropiado del 99% de la riqueza planetaria, y que eufemísticamente se llama “Mercado”.

domingo, 25 de novembro de 2012

Padre - Joan Manuel Serrat



Padre, decidme qué le han hecho al río que ya no canta.
Resbala como un barbo muerto bajo un palmo de espuma blanca.
Padre, que el río ya no es el río.
Padre, antes de que vuelva el verano esconda todo lo que tiene vida.
Padre, decidme qué le han hecho al bosque que no hay árboles.
En invierno no tendremos fuego ni en verano sitio donde resguardarnos.
Padre, que el bosque ya no es el bosque.
Padre, antes de que oscurezca llenad de vida la despensa.
Sin leña y sin peces, padre tendremos que quemar la barca, labrar el trigo entre las ruinas, padre, y cerrar con tres cerraduras la casa y decía usted, padre, si no hay pinos no se hacen piñones, ni gusanos, ni pájaros.
Padre, donde no hay flores no hay abejas, ni cera, ni miel.
Padre, que el campo ya no es el campo.
Padre, mañana del cielo lloverá sangre.
El viento lo canta llorando.
Padre, ya están aquí... Monstruos de carne con gusanos de hierro.
Padre, no tengáis miedo, decid que no, que yo os espero.
Padre, que están matando la tierra.
Padre, dejad de llorar que nos han declarado la guerra.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Chapéu de coco e bengala de Charlot leiloados.



Os icónicos chapéu de coco e bengala de Charlie Chaplin foram leiloados ao final da tarde deste domingo em Los Angeles, madrugada desta segunda-feira em Lisboa, por 62.500 dólares (49 mil euros).
O chapéu e a bengala, imagem de marca de Charlot, estão em "excelentes condições" e estimava-se que atingissem um valor de licitação entre 40 mil e 60 mil dólares (entre 31 mil e 47 mil euros) no leilão que se realizou na leiloeira Bonhams.
Conta a lenda que Chaplin criou aquela personagem e a respectiva indumentária espontaneamente, numa tarde de chuva de Fevereiro, depois de experimentar várias peças de roupa que foi buscar ao camarim masculino de um estúdio cinematográfico de Hollywood.
O seu ‘look’ vagabundo incluía calças demasiado grandes de Fatty Arbuckle, sapatos de tamanho 47 que ele tinha de calçar no pé errado para impedir que lhe caíssem dos pés, o chapéu que pertencia ao sogro de Arbuckle e um bigode destinado a outro actor.
A bengala de bambu de 81 centímetros tem a inscrição ‘CCLT 36’ a tinta preta, uma referência a Charlot, a inconfundível personagem de Chaplin.
Outros itens em leilão incluíam uma carta manuscrita de Lennon com um desenho dele e de Yoko Ono nus, enviada a uma editora de revistas de vanguarda, a propósito da polémica capa do álbum "Two Virgins", de 1968, e que foi vendida por 25 mil dólares (19.600 euros).
Também leiloados foram uma colecção de fotografias de Marilyn Monroe (por 21.250 dólares - 16.670 euros) e três quadros a óleo originais e assinados da autoria de Frank Sinatra, que foram arrematados por 10.625 dólares (8335 euros).


Nota: enviado por mail por um amigo.