quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Helen Macdonald venceu o Costa para Livro do Ano com a história do seu açor.


Quando o seu pai morreu, Helen Macdonald comprou um açor. H is for Hawk conta essa história pessoal.
Não é um guia de como treinar o seu açor mas é sobre isso que trata o livro de Helen Macdonald que lhe valeu o Prémio Costa para Livro do Ano, uma das distinções mais prestigiadas no Reino Unido. H is for Hawk no início do mês já tinha sido premiado na categoria de melhor biografia e foi considerado pelo júri como uma obra maravilhosa e impossível de se esquecer. Em Novembro, H is for Hawk já tinha dado à escritora britânica o prémio literário Samuel Johnson na categoria de não-ficção.
H for Hawk é  um livro que explora o luto, o amor e a natureza. É a história de como Helen Macdonald, uma académica britânica, ultrapassou a morte do pai ao dedicar-se a um açor que comprou a um criador escocês. É a experiência pessoal da escritora que encontrou na ave uma forma de ocupar a sua cabeça.
Ao The Guardian, o escritor Robert Harris, que presidiu ao júri do prémio Costa, disse que H is for Hawk é um livro que não se esquece. “Todos concordámos que era maravilhoso, a sua prosa é maravilhosa, tem músculo e é precisa como um bisturi”, defendeu o presidente do júri. “Há alguns livros que vencem prémios porque se impõem mas depois o público parece não gostar muito. Já este é um livro que eu acho que toda a gente vai gostar”, destacou ainda o escritor.
Helen Macdonald bateu a britânica Ali Smith que era apontada como uma das grandes favoritas com o livro que tinha vencido na categoria de romance, How to Be Both, em que cruza a história de uma adolescente que perdeu a mãe e a de Francesco del Cossa, pintor renascentista. Concorriam ainda Jonathan Edwards que venceu na poesia com My Family and Other Superheroes; Emma Healey que foi premiada na categoria de primeira obra (Elizabeth is Missing) e Kate Saunders com o livro infantil Five Children on the Western Front. Agora H for Hawk foi considerada o Melhor Livro de 2014, valendo à escritora 30 mil libras (cerca de 40 mil euros) – o valor monetário do Prémio Costa.
À BBC, a escritora que é também investigadora associada do departamento de História e Filosofia da Ciência da Universidade de Cambridge mostrou-se surpreendida, explicando que quando escreveu H is for Hawk não considerou que alguém o viesse a querer ler por ser “um livro muito estranho”. “Estou tão agradecida ao júri”, disse Helen Macdonald. “Estou absolutamente encantada, surpresa e estupefacta, é maravilhoso”, reagiu a escritora, que além de investigadora é também ilustradora e naturalista.
Sobre o livro, Macdonald definiu-o como uma “carta de amor à Inglaterra rural”. “E a tudo o que perdemos e estamos a perder.” Foi a forma que a britânica encontrou para lidar com a morte do pai em 2007 e para ir de encontro a uma paixão de infância – ainda em criança dizia que queria ser falcoeira. É por isso à Reuters Helen Macdonald explicou que esta foi a “verdadeira despedida” do seu pai. “Foi catártico e não achei que fosse.”
A autora explica o sucesso inesperado de H is for Hawk com a longa tradição que existe no Reino Unido de livros sobre as relações de pessoas com a natureza e os animais. “Este pássaro que as pessoas pensam ser um símbolo de selvageria e ferocidade é na verdade tanto uma criatura assassina como algo que brinca com o gatinho e vê televisão comigo”, contou Macdonald, explicando que a obra não é apenas biográfica. Ao mesmo tempo que a escritora escreve a sua história, narra também a vida do escritor T.H. White, que em 1951 publicou The Goshawk, livro onde contava as suas experiências de treinar aves.
Criados em 1971, com a designação de Whitbread Book Awards, os prémios Costa, limitados a autores radicados no Reino Unido ou na Irlanda, e patrocinados desde 2006 pela cadeia de lojas de café e cafetarias Costa Coffee (uma subsidiária da Whitbread), são atribuídos em cinco categorias: romance, primeiro romance, poesia, biografia e livro infantil. Cada um dos escolhidos é premiado com cinco mil libras (6,7 mil euros), e um deles é depois escolhido como o livro do ano. No ano passado, o vencedor do Prémio Costa foi Nathan Filer com The Shock of the Fall, publicado em Portugal pela Relógio D'Água com o título O Choque da Queda. (Jornal Público)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

8 razões para ler (livros a sério).


Com a evolução tecnológica, a maioria das pessoas decidiram deixar os livros nas estantes. Os mais novos só querem saber das novas tecnologias e os adultos dizem que não têm tempo para ler (mas a verdade é que muitos vão no comboio ou no metro agarrados ao tablet ou ao smartphone e não a uma obra literária).
A Time decidiu fazer uma lista de oito razões para deixar os e-books, as sms, os chats e os comentários nas redes sociais e optar por livros a sério. Pode ser que lhe dê alguma motivação…
As pessoas que lêem são mais inteligentes: Dr. Seuss escreveu “Quanto mais leres, mais coisas saberás. Quanto mais aprenderes, a mais sítios irás”. Sabia que um livro infantil expõe a criança a mais palavras do que um programa de televisão? É esta a conclusão de um estudo da Universidade de Berkeley, EUA. Estar exposto a novos vocábulos não só faz com que aprendam a ler melhor, mas também permite alcançar resultados mais altos em testes de inteligência.  Para além disso, é essencial que opte por um livro e não um ecrã – ler num dispositivo faz com que fiquemos entre 20 a 30% mais lento, lê-se num estudo da Universidade do Texas.
Ler faz bem ao cérebro: Tal como fazer jogging ajuda a melhorar o sistema cardiovascular, ler regularmente ajuda a melhorar a memória, explica um estudo publicado na Neurology. 
Tornamo-nos mais empáticos: Uma boa leitura pode fazer com que seja mais fácil aproximarmo-nos de outros. Alguns livros, principalmente os de ficção, ajudam-nos a ‘ler’ as emoções daqueles que nos rodeiam com uma maior facilidade, explica uma investigação publicada no site Science.
Folhear ajuda a concentrar: Por incrível que pareça, mudar de página ajuda-nos a contextualizar melhor aquilo que estamos a ler, o que pode proporcionar um melhor entendimento e uma maior compreensão da obra que lemos, explica um texto publicado na Wired.
Pode ajuda a prevenir a Doença de Alzheimer: Quem lê, joga xadrez e faz puzzles tem uma menor probabilidade de vir a desenvolver Alzheimer quando comparando com aqueles que não praticam actividades tão estimulantes, explica um estudo publicado no site da Proceedings of the National Academy of Sciences.
Ajuda a relaxar: Um estudo realizado na Universidade de Sussex mostra que ler ajuda a reduzir o stress em 68%. “Não importa que livro lê. Ao ‘perder-se’ num bom enredo, consegue esquecer as preocupações do dia-a-dia e passa algum tempo a explorar o imaginário do autor da obra” explicou o neuropsiquiatra David Lewis ao jornal Telegraph.
Ajuda a adormecer: Se fizer da leitura nocturna um hábito, o seu corpo perceber que, depois de ler algumas páginas, está na altura de ‘desligar’, explica uma investigação da Mayo Clinic. Ler um livro faz mais pelo seu sono do que um computador ou um tablet – a luz emitida pelos ecrãs faz com que esteja acordado durante mais tempo.
Ler é ‘contagiante’: A maioria dos pais gostava que os filhos lessem mais, mas a verdade é que não fazem muito para que isso aconteça – a maioria deixa de lhes ler histórias quando eles aprendem a ler. Um novoestudo  divulgado pela editora Scholastic mostra que ler em voz alta para as crianças  durante a primária ajuda-as a tornarem-se verdadeiros amantes de literatura. Ou seja, não deixe de lhes ler histórias à noite. Esse hábito só lhes vai fazer bem no futuro.

Retirado de: http://www.sol.pt/noticia/122277

domingo, 18 de janeiro de 2015

Numa década, cinco milhões de espectadores desapareceram dos cinemas portugueses.


O fosso entre os portugueses e as salas de cinema é cada vez maior – se 2013 já fora o pior da década em termos de idas ao cinema, os dados relativos a 2014 mostram que num ano se perderam mais 400 mil espectadores. E recuando até 2004, quando os cinemas venderam 17,1 milhões de entradas nas salas, constata-se que desapareceram cinco milhões desses espectadores. No ano passado venderam-se apenas 12,1 milhões de bilhetes.
O ano passado tornou-se assim no pior dos últimos 11 anos com receitas de 62,7 milhões de euros – mais uma quebra, desta feita no valor de 2,8 milhões de euros que já não entraram nas bilheteiras em comparação com 2013. A alteração dos hábitos de consumo audiovisual, as novas tecnologias, a pirataria, os preços dos bilhetes e a distribuição geográfica das salas têm sido factores apontados para explicar este declínio.
O Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) revelou esta sexta-feira os dados provisórios da distribuição e exibição cinematográfica em Portugal sobre o ano em que o filme mais visto foi The Hunger Games: A Revolta – Parte 1 (mais de 344 mil espectadores, 1,8 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira), com Lucy em segundo lugar e a quebrar o domínio juvenil ou de sequelas do top 5, seguido de Os Pinguins de Madagáscar, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos e Rio 2.
Com Os Maias – Cenas da Vida Romântica a confirmar-se como o filme português mais visto (114.817 espectadores e cerca de 568 mil euros de receita de bilheteira), seguido por Virados do Avesso e Os Gatos não Têm Vertigens, em 2014 produziram-se 27 filmes (13 longas e 14 curtas) com o apoio do ICA, informa o organismo, que assinala “um ligeiro aumento em relação às obras produzidas face ao ano anterior”. Mas que é parco em comparação com números que ao longo dos últimos dez anos nunca desceram de uma média de 49 produções e que já em 2013 resvalaram para as 23, na esteira do chamadoano zero do cinema português, assim apelidado por não terem sido abertos concursos de apoio à produção.

2014 foi também o ano em que a NOS (antiga ZON) continuou intocável na sua liderança no mercado – embora tenha também perdido receitas (menos 7% para os 7,2 milhões de euros), é o maior exibidor português com uma quota de mercado de 61,6% contra os 63,2% de 2013. A britânica UCI é o segundo maior exibidor, reforçando a sua posição com 12,3% do mercado contra 12,9% em 2014. A brasileira Cineplace, que entrou no mercado português depois da insolvência da Socorama ocupando muitos dos espaçosexplorados pela empresa portuguesa (como as salas em muitos shoppings da Sonae), tem agora o terceiro lugar em Portugal com 8,7% de quota. (Jornal Público)

sábado, 10 de janeiro de 2015

Nazaré. Benjamin Sanchis surfou (é oficial) a maior onda do mundo [vídeo].


Benjamin Sanchis surfou uma onda de 33 metros de altura no passado dia 11 de Dezembro.
O desempenho do surfista francês foi homologado no sábado e Sanchis vai entrar no famoso Livro de Recordes do Guinness. A marca anterior tinha sido estabelecida pelo havaiano Garrett McNamara, que se havia lançado a uma massa de água com 30 metros e, agora, pertecene ao francês, que voltou a Portugal, à Praia do Norte, na Nazaré, para tenta bater o recorde. E conseguiu.
Ajudado por um jet-ski, o surfista de 33 anos atirou-se ao gigante de 33 metros, antes de desaparecer mar adentro.



"Não conseguia seguir a linha que queria, senão teria ido mais para o dentro", contou. "Senti rapidamente que tinha subido demais. De um momento para o outro dei um salto de 4 ou 5 metros, quando descia com a prancha na vertical. E no final da onda, caí".
Depois veio o susto. Ficou debaixo da onda durante mais de 30 segundos, enrolado, até aparecer a ajuda de Deric Rebière, o companheiro do jet-ski. 

A onda foi avaliada e aprovada por um conjunto de especialistas e homologada. Um recorde do mundo para Sanchis. (Jornal I – 8. Jan.2015)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Embora. Sete anos fora de Portugal guardados em livro.


Em quantos sítios viveu nos últimos oito anos? Os sítios por onde a portuguesa Débora Miranda passou desde 2007 quase chegam a duas mãos cheias.
Há oito anos, Débora Miranda, 29, decidiu sair pela primeira vez de Portugal para viver e estudar fora: partiu para Leipzig para ficar cinco meses; acabou por passar um ano inteiro, a estudar ao abrigo do programa Erasmus. Foi a primeira partida de muitas.
O regresso a Lisboa foi temporário. Seria esse o primeiro de muitos, várias vezes por ano, sempre por pouco tempo: de há sete anos para cá, só regressa a Lisboa nas férias, sempre durante curtas temporadas. A casa de Débora tem sido o mundo.
Embora - Sete anos entre o Norte e o Sul conta essa históriaentre "cá e lá", feita de idas e voltas, construída em terminais deaeroportos, entre despedidas e adaptações a novas cidades, trabalhos e grupos de amigos. Uma espécie de retrato de uma geração habituada a partidas e chegadas.

"É um livro sobre emigração. Mas não com as dificuldades de há 40 anos. É um livro para os jovens de hoje mas que espelha as dificuldades de chegar a novos sítios, sobre essa procura de não sabermos bem onde é a nossa casa.", explicou a autora esta segunda-feira, na apresentação do livro na livraria Desassossego, em Lisboa. (DN – 05.Jan.2015)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Depois de Marrocos e do Egipto, também os Emirados Árabes Unidos interditam Exodus.


Há mais um país determinado a interditar a exibição de Exodus: Gods and Kings: os Emirados Árabes Unidos (EAU) anunciaram na terça-feira que o novo filme de Ridley Scott, um fresco bíblico sobre a longa jornada de Moisés e do povo judeu através do Egipto, não será exibido nas salas de cinema do país devido a "erros históricos e religiosos". "O filme nega que Moisés seja um profeta e redu-lo ao estatuto de um pregador pela paz", justificou o director do National Media Council dos EAU, Juma Obaid al-Leem, citado pela AFP, acrescentando que "a narrativa de Ridley Scott contraria a versão dos factos que está inscrita na Bíblia.
Depois de Marrocos e do Egipto, os EAU são o terceiro país a proibir a projecção de Exodus, uma produção que custou mais de 140 milhões de dólares (cerca de 115 milhões de euros) mas que rendeu já cerca de um sexto desse montante só no primeiro fim-de-semana de exibição nos Estados Unidos.
Embora seja um fenómeno relativamente raro nos EAU, a interdição de um filme está prevista na lei, nomeadamente nos casos em que haja ofensa à religião oficial do país, o islamismo. Esse é, de resto, um dos argumentos invocados pelo National Media Council para defender a decisão agora tomada: "Não permitimos a distorção das religiões (...). Quando se trata de filmes históricos ou religiosos, estamos atentos ao relato, que deve ser correcto, e temos o cuidado de impedir que as imagens possam ferir os sentimentos de terceiros", sublinhou al-Leem, explicando que Exodus viola um dos mandamentos mais irrevogáveis da religião muçulmana, que proibe expressamente a representação de Deus. "É perfeitamente normal que exprimamos as nossas reservas sobre um filme em cada mil", disse ainda o responsável, desvalorizando o impacto mediático deste acto de censura num país em que a esmagadora maioria da população (mais de 90% dos habitantes dos emirados são expatriados) não tem qualquer vínculo com a religião muçulmana.
Razões semelhantes foram invocadas no Egipto, onde o ministro da Cultura, Gaber Asfour, convocou uma conferência de imprensa na passada sexta-feira, 26, para informar que a comissão especial encarregue de aprovar a exibição deExodus se tinha decidido unanimemente pela sua interdição. Asfour, que presidiu pessoalmente aos trabalhos da comissão (composta, entre outros elementos, pelo director dos serviços de censura egípcios e por historiadores), alegou que o filme de Ridley Scott "faz de Moisés e dos judeus os construtores de pirâmides, contrariando a investigação histórica": "É um filme sionista por excelência. Apresenta os factos de um ponto de vista sionista e contém uma falsificação da história", disse à AFP. A comissão especial que avaliou o filme censurou particularmente a cena da divisão do Mar Vermelho: "No filme, Moisés tem uma espada e não um bastão, e a divisão das águas é atribuída a um fenómeno natural de avanço e recuo das marés", criticou Mohamed Afifi, chefe do Conselho Supremo para a Cultura.
Dias antes, em Marrocos, as salas de cinema de todo o país receberam indicações orais para desprogramar a exibição de Exodus, cuja estreia estava prevista para 24 de Dezembro. Argumentando que o filme tinha obtido um visto de exibição em condições perfeitamente legais, uma sala de cinema de Marraquexe, o Colisée, continuou a projectar o filme até sábado, dia em que o Centro de Cinematografia Marroquino (CCM) emitiu finalmente uma ordem escrita decretando a proibição do filme na sequência de uma decisão unânime de uma comissão de apreciação.
Tal como nos EAU, a violação dos preceitos islâmicos foi a razão invocada: "Ridley Scott representa Deus na figura de uma criança, no momento da revelação divina feita a Moisés. Essa representação física é um erro." Entretanto, em declarações à revista TelQuel, o director do CCM explicou que a interdição de Exodus se devia também a "motivos de segurança": "Viram o que se passou na Tunísia após a exibição do filme Persépolis. O turismo continua a ressentir-se disso até hoje", lembrou, aludindo à violência de islamistas radicais na sequência da difusão do filme de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud em Outubro de 2012 por uma cadeia privada tunisina. (Jornal Público – 02.Jan.2015)